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    Análise - Donkey Kong Country Returns - Wii

    Luigi
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    Análise - Donkey Kong Country Returns - Wii Empty Análise - Donkey Kong Country Returns - Wii

    Mensagem por Luigi Sáb 08 Jan 2011, 17:57

    Análise por Vítor Alexandre
    Nota 9

    Análise - Donkey Kong Country Returns - Wii Ss_preview_ss_preview_RVL_DKCReturns_04ss14_E3.jpg

    Não se deve esgotar a paciência a um símio. É uma regra elementar para qualquer aventureiro que arrisque chegar perto desses enormes primatas. Eles trepam as árvores e facilmente desencadeiam uma onda de fúria se mexerem nos seus haveres.

    Sucede que alguns animais da ilha paradisíaca onde habita Donkey Kong, hipnotizados por malévolas criaturas da tribo Tiki Tak – oriundas de uma erupção vulcânica -, furtaram a reserva de bananas que Donkey tinha armazenado em casa, uma carga delas. Diddy Kong ainda alertou Donkey, mas este também foi vítima da hipnose provocada por um malévolo Tiki, através de um encanto que deixava os visados de olhos em bico. É desta forma que se dá o mote para o regresso de Donkey e Diddy às aventuras de plataformas, ao bom velho estilo das duas dimensões (num misto de 3D das personagens) para a Nintendo Wii.

    Análise - Donkey Kong Country Returns - Wii Ss_preview_dkreturn9.jpg

    Donkey Kong é o gorila mais conhecido no mundo dos videojogos e cujo expoente máximo foi alcançado nos três episódios para a Super Nintendo, já depois da estreia nas arcades em 1981 através de Donkey Kong Arcade. O gorila que esteve perto de ser baptizado por Miyamoto como Monkey Kong, ficou famoso por sequestrar a paixão de Mario ao mesmo tempo que lhe atirava pesados barris cada vez que o canalizador se aproximava. Muitos anos passaram para o gorila, outrora objecto de atenção da Rare. Desta vez coube à retro Studios liderar o projecto, ainda que e sempre com a supervisão de Miyamoto.

    Com Donkey Kong Country Returns está sobretudo marcado um regresso. Uma recuperação aos tempos de Donkey Kong Country para a Super Nintendo, época que conheceu Diddy como parceiro na demanda, ele que acrescenta um seguro de vida para Donkey que assim fica capaz de resistir mais algum tempo às sérias ameaças instaladas no percurso, mesmo que as vidas e outros itens de recuperação abundem pelos palcos de jogo.

    Alguns dirão que a série terá ido demasiado longe com Jungle Beat por intermédio da utilização única que fez dos bongos associada ao género das plataformas e depois também aplicado a Donkey Konga, um “spin of” na série que marcou presença nos jogos de ritmo. A dificuldade de aceitação destes episódios inovadores foi resultado do acessório como extra para se completar a aventura. Tratava-se de um elemento exterior e menos cómodo para alimentar a progressão dentro dos moldes tradicionais. Por força dos controlos por movimentos implementados na Wii, os jogadores estão já habituados a lidar com esse sistema, até porque a maioria dos movimentos é uma recapitulação da lição estudada nos anos noventa.

    DKC Returns é por isso uma revisita a lugares instalados na série, mas igualmente um jogo capaz de reconfigurar os exercícios e bombear autênticas surpresas à medida que o jogador palmilha a admirável ilha através de uma mão cheia de capítulos para cada cenário, seguindo uma oferta dispersa por notas de nostalgia (a banda sonora relembra os velhos ritmos) e desafios únicos. Assente numa perspectiva tradicional de duas dimensões, continua a oferecer boas recompensas para os jogadores que arriscam vasculhar cada segmento à procura de mais uma letra para completar o nome Kong e mais uma peça de puzzle que remunerará os persistentes. Depois ainda sobram as bananas – alimento precioso e moedas que funcionam como divisa de troca por bens e níveis secretos na loja do velhinho Kranky Kong.

    O género das plataformas não tem encontrado muita expressão para lá da secção “indie”, bastião onde alguns produtores continuam a propor ideias originais. No entanto e como vimos no ano passado com New Super Mario Bros Wii, a Nintendo continua a estimular bandeiras do seu passado, ao mesmo tempo que refresca os conteúdos quer por intermédio dos controlos por movimentos, quer por uma necessidade de manter vivo o belo género das plataformas.

    Este jogo não conta com o frenesim do “multiplayer” até quatro jogadores de NSMB, com o que isso significa em termos de competição numa área fechada, mas oferece desafios constantes e propõe sistematicamente alterações ao plano de jogo, gerando amiudadas vezes, num capítulo, autênticas improvisações, como sucede, por exemplo, com o carro que atravessa boa parte do percurso sobre carris, o rinoceronte Rambi capaz de abrir caminho com maior facilidade, o barril de pólvora que eleva pelo céu azul da praia Donkey Kong e Diddy numa excursão aérea, tendo depois de desviar-se das salvas de tiros de uma caravela centenária.

    Contudo, Donkey Kong Country Returns imprime também um forte carácter pela nostalgia. Veteranos das anteriores aventuras sentir-se-ão num espaço familiar, não apenas pelas coordenadas musicais, recuperadas na maioria, mas pelos cenários encorpados, plenos de elementos nos vários fundos e dos quais é impossível dissociar um "design" vistoso e polido, gerando sensações de autêntico fascínio à medida que percorrem áreas e observam constantes modificações, aqui e acolá provocadas por objectos de grandes dimensões que fazem sombra e condicionam o campo de acção do gorila, na sua corrida desenfreada, tão rocambolesca e rotunda mas admirável.

    Os ambientes abraçam áreas envolventes à ilha: selvas, florestas, grutas, secções industriais, ruínas, montanha em erupção, o quadro de percursos é vastíssimo e por muito que haja alguma facilidade na conclusão dos primeiros três mundos, a partir daí o desafio franze o sobrolho, arreganha o dente e as vidas do nosso gorila desfilam com sofreguidão pelos nossos olhos. Há uma frustração que parece ocupar alguns momentos. Algumas secções implicam uma irritante repetição mesmo que todos os cuidados estejam activos. O jogo acrescenta sucessivas armadilhas, mas concede uma oportunidade para o jogador que sucumba à pressão, abrindo a possibilidade para que um super Donkey Kong, controlado pelo computador, complete a suas expensas um capítulo inteiro. Não recolherá recompensas nem outros objectos escondidos, mas é uma forma de garantir a continuação. Cumpre lembrar que esta opção só fica activa depois de esgotado um naipe de "créditos" e ainda tira aquele prazer de descoberta, pelo que só numa situação extrema deverá ser activado.

    Donkey Kong Country Returns é um desafio constante, modificando de forma sistemática a abordagem ao ponto seguinte, também por intermédio de uma orientação automática com salto para os pipos que disparam a personagem para outra margem do cenário ou até por elementos destrutíveis que obstaculizam a progressão. No caso dos barris a dada altura essa operação automática fica condicionada pelos perigos lançados pelos inimigos, capazes de bloquear e impedir a progressão. Há um sentimento de operação automática nesses trajectos, deixando a actuação do jogador à distancia de um disparo a efectuar no momento oportuno. Mas é também na envolvência dessas extensões e dos perigos que se acercam de Donkey que se gera aquela necessidade de evasão, obrigando a um escalonamento meticuloso da fuga.

    No que tange ao sistema de controlo da personagem há dois métodos aceites. A primeira e talvez a mais usual para a maioria dos jogadores implica a utilização do Nunchuk para fazer os movimentos de Donkey Kong e o Wii Remote para fazer saltos e agarrar barris para atirar aos adversários ou desbloquear Diddy. A outra hipótese de utilização, favorece o jogo para "multiplayer" cooperativo, especialmente se não tiverem outro Nunchuk. Nesse caso o segundo jogador que poderá controlar Diddy Kong, utilizará o Wii Remote na posição horizontal, servindo-se do d-pad para movimentar e os botões 1 e 2. Há uma boa dose de humor que extrapola de alguns movimentos como sucede quando Kong bate com força nalguns objectos, quebrando-os e provocando um terramoto de grau 7, naquele jeito rotundo, visível cada vez que rebola na direcção dos inimigos. Noutra hipótese ele poderá soprar para apagar as chamas de adversários em chamas, sempre emitindo uma série de sons típicos dos símios.

    Jogado em modo cooperativo, um jogador controlará Donkey Kong, fazendo valer as suas características de pesado barafustado, enquanto que o outro jogador terá Diddy aos comandos. Uma dupla altamente enérgica. Ágil e capaz de se manter no ar por alguns instantes devido ao propulsor que leva às costas, Diddy dispõe ainda de uma arma de pressão que atira bananas aos adversários. Mesmo que o segundo jogador perca uma vida, Donkey Kong poderá sempre recuperá-lo bastando para isso rebentar o barril certo.

    Donkey Kong Country Returns é um fantástico regresso às origens da série, principalmente na retoma da jogabilidade clássica ligada à trilogia de Donkey Kong Country para a Super Nintendo. Por aqui fica também reforçado o sentido e vitalidade dos jogos de plataformas a duas dimensões, num jogo visualmente arrebatador e pleno de surpresas. Boa parte da eficácia deste jogo encontra-se também na orquestração dos desafios, dando margem para o jogador compreender as diferentes situações, mas levando-o para armadilhas e outras situações mais arriscadas. Claro que explorar os níveis a fundo não será obra para todos, ainda que os mais persistentes saiam recompensados. Para um ou dois jogadores, Donkey Kong Country Returns é já uma das referências do género das plataformas.

      Data/hora atual: Seg 06 maio 2024, 20:33